Belém: Confusão impede Zona Azul de funcionar.

Muita confusão e quebra-quebra marcaram o dia em que o sistema de estacionamento Zona Azul deveria começar a funcionar na avenida Braz de Aguiar e transversais. Após esperarem os representantes da empresa Espaço Vago, ganhadora da licitação para administrar as 10 mil vagas que serão disponibilizadas e organizadas em Belém, os flanelinhas resolveram sair às ruas para verificar se as bancas de revistas estavam vendendo os talões. Durante a ação, os guardadores de carro encontraram quatro fiscais fazendo essa venda e promoveram um quebra-quebra. Os talões, as fardas e o material de trabalho dos fiscais foram quebrados. Depois, eles tentaram invadir a sede da empresa e quebraram uma vidraça.

Ronivaldo Andrade, presidente do Sindicato dos Guardadores de Carro de Belém, afirma que a cena vai se repetir caso os fiscais continuem vendendo os talões. “O acordado foi que nós faríamos essa venda e eles fiscalizariam. Não vamos aceitar isso”, disse. Já o diretor da Espaço Vago, Eduardo Decker, afirmou que a implantação será suspensa até que a Companhia de Transportes do Município de Belém (CTBel) autorize o seu funcionamento. “Hoje (ontem) seria realizado um trabalho de educação e, quem já quisesse adquirir o talonário, poderia fazer isso. A responsável em repassar os talões aos flanelinhas é a CTBel. Não sabemos porque isso ainda não aconteceu”, disse.

Depois da confusão, os fiscais agredidos fizeram exame de corpo de delito no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. À tarde, homens da Polícia Militar e Guarda Municipal permaneceram na área para evitar novos tumultos. “Agora eu quero saber quem vai garantir a segurança dos meus funcionários. Tive prejuízos na sede da empresa e ainda no material de trabalho”, afirmou Eduardo Decker.

Após vários dias de tensão, os lavadores de carro que atuam na cidade resolveram aceitar a proposta realizada pela empresa, em que eles receberão R$ 0,15 por cartela vendida, que custará R$ 1,50. A princípio, a intenção dos trabalhadores era obter 40% do total de arrecadação. Mas a nova proposta só foi aceita, segundo Ronivaldo Andrade, porque a CTBel teria se comprometido em profissionalizar os flanelinhas com cursos de inclusão social, empreendedorismo, relações humanas e em ajudar na expedição da carteira de habilitação. “Vamos ser pequenos empreendedores e queremos nos preparar para sermos futuros funcionários”, disse o presidente do sindicato.

A qualificação seria necessária porque, segundo o acordo firmado entre a Prefeitura Municipal de Belém e a empresa Espaço Vago, as pessoas que já trabalham na área seriam priorizadas na contratação dos fiscais, desde que atendessem ao perfil exigido. Nesse primeiro momento, segundo Andrade, serão disponibilizadas 2.773 vagas, beneficiando 283 guardadores de carro. Mas nos próximos meses o sistema será ampliado para toda a capital, disponibilizando 10 mil vagas no total.

Os flanelinhas ainda não possuem os talões para a venda de vagas, mas receberam a informação de que bancas de revistas e farmácias

fariam essa venda, o que provocou revolta. “Nós vamos conversar com cada banca para pedir que não vendam, pois além do nosso lucro ser mínimo, ainda teremos concorrência desleal”, disse Ronivaldo Andrade.

Em grupo, os trabalhadores foram de banca em banca saber se os talões estavam sendo vendidos. Algumas já possuíam e estavam autorizadas a vender os talonários. “Nós vamos fazer piquetes em frente de cada uma se realmente houver essa venda a partir da implantação”, disse o presidente do sindicato.

Wildes Lima, presidente da Associação das Bancas de Jornais e Revistas, afirmou que as bancas vão, sim, fazer a venda e que não vê nenhum problema nisso, já que se configura como meio de renda a mais. “Nós somos parceiros da prefeitura e infelizmente não temos nada a ver com esse conflito. Estamos apenas fazendo o nosso trabalho. Se houver algum tipo de ameaça para nós, tomarei as providências cabíveis”, disse.

Para muitos motoristas de Belém, a implantação da Zona Azul é uma forma de ganhar dinheiro em cima da população e sem nenhum retorno para a cidade. “As ruas são bens públicos e todo mundo tem o direito de ir e vir. Nosso dinheiro vai para alguém que nem sabemos quem é e nada do que eles ganharem será revertido em via pública. Isso é um absurdo”, reclamou o aposentado Antônio Ferreira.

Vera Fernardes, proprietária de um estabelecimento comercial na Braz de Aguiar, afirma que os comerciantes da área ainda não foram contatados para explicações acerca de desembarque de mercadorias. “Acho que deveria ter um horário para isso e sem que seja necessário nós pagarmos. Eu não posso fazer isso à noite porque tenho um bar e, à tarde, um restaurante. Ainda não sei nem como vou fazer com o meu carro, pois não tenho área para estacionamento”, disse.

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