Polícia desarticula rede de exploração sexual em Bragança.

A Operação "Caeté" da Polícia Civil resultou, nesta segunda-feira (10), nas prisões de quatro pessoas acusadas de envolvimento em um esquema de aliciamento de adolescentes e mulheres para exploração sexual, em Bragança, nordeste do Pará.
Dois deles são apontados como os maiores agenciadores de prostituição do município. Os acusados são Robson Nonato Nunes, de apelido "Pororoca", 31 anos; Aldo Wellyton Silva Dias, 25; Artur Walter Gomes de Brito, e Lourival da Silva Pereira, conhecido por "Índio", 53.
Sob comando do delegado Rilmar Firmino de Sousa, titular da Superintendência Regional da Zona Bragantina, a operação foi realizada em conjunto com o Ministério Público de Bragança.
As investigações duraram cerca de três meses. A equipe da Superintendência junto com o promotor de Justiça da Comarca de Bragança, Edivaldo Pereira Sales, investigaram o favorecimento, recrutamento e aliciamento de adolescentes à prostituição. As investigações levaram à decretação da prisão preventiva dos envolvidos pelo juiz da Comarca, César Puty.
Segundo o delegado Rilmar, responsável pelo inquérito, desde o início das investigações, constatou-se que os presos utilizam práticas criminosas para submeter, induzir e atrair adolescentes à prostituição, como meios de sustento e sobrevivência, ou seja, aliciavam, prostituíam e exploravam sexualmente, de forma contínua e reiterada, adolescentes e maiores de idade, conforme amplamente comprovado na investigação.
Durante as investigações, a polícia evidenciou que se tratava de uma rede de prostituição "duradoura, operante e intocável", em que os indiciados manipulavam pessoas maiores e adolescentes atraídos por falsas promessas e deslumbradas pelo ganho fácil.
Os indiciados, após coaptá-las, passavam a vendê-las, negociá-las como mercadoria, sempre com objetivo do lucro. A atividade era rentável para os envolvidos, segundo o delegado.
"Eles afrontavam a comunidade da região, o Sistema de Segurança Pública, o Ministério Público e o Judiciário", salientou. Para se ter uma ideia, um dos presos - Robson Nonato Nunes - teve prisão preventiva decretada pelo então juiz José Torquarto Araújo de Alencar, em outubro de 1999.
No entanto, em outubro de 2004, cinco anos depois, a então juíza da Comarca de Bragança, Luzia do Socorro Silva dos Santos, também decretou a prisão do indiciado e do comparsa dele, Aldo Wellyton Silva Dias, pelas mesmas práticas delituosas.
Referência negativa - As prisões foram decretadas com base em provas colhidas em inquéritos policiais. Porém, passado mais de uma década, os acusados ainda desenvolviam as mesmas atividades ilícitas e serviam como referência negativa para toda região Bragantina.
"Podemos afirmar que o problema da prostituição em Bragança nunca foi tão sério quanto hoje. Existem jovens fascinadas pela chance de obter dinheiro, em pouco tempo, vendendo o próprio corpo", constatou o delegado.
Para ele, os exploradores sexuais têm se modernizado, não se expõem, usam métodos cada vez mais avançados e trabalham de maneira especializada usando como principal instrumento de trabalho o telefone celular.
Robson Nonato Nunes é apontado nas investigações como responsável em fazer contatos com "clientes". Eles também contratava garotas de programa, táxi e arranjava local para o programa.
As ações de Robson ficaram bem configuradas na investigação, pois o esquema funcionava como uma pequena empresa de "entregas", com "clientes", com os quais entrava em contato via celular, ou pessoalmente, para lhes oferecer a mercadoria (garotas de programa).
Em algumas ligações são os clientes que pedem garotas. Além disso, ele possui um rol de mulheres à sua disposição. Em relação a Aldo Dias, a investigação indicou que ele atuava no esquema como agenciador de garotas.
Ele também é apontado como agenciador de adolescentes e traficante de drogas com ligações com o traficante conhecido por "Dione Taxista", que está preso no Complexo de Americano, em Santa Izabel do Pará. O outro acusado - Lourival Pereira - é dono do motel Caribe.
Ele chegou a fazer programas sexuais com duas adolescentes, tendo pago para a primeira R$ 30 e R$ 80 para a segunda. Já Artur Walter de Brito, além de participar efetivamente do esquema de exploração sexual, utilizava o próprio táxi para traficar drogas. As investigações mostram contatos telefônicos em que Artur agenciava programa para mulheres, algumas não identificadas.
Com relação ao favorecimento à prostituição, houve mulheres que entraram em contato com Artur. Nas conversas, é constatada a relação existente entre ele e as mulheres para o qual trabalham. "Ao falar com elas, ele mantém um tom de comando, demonstrando que manda nelas, diferentemente de Robson, que parece ser mais um sócio", apurou Rilmar.
Todos vão responder com base no artigo 218-A, do Código Penal Brasileiro. As investigações sobre o esquema de exploração sexual continuam.
Walrimar Santos - Polícia Civil do Pará

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