As lutas nossas de cada dia. Quintino renasce na luta dos trabalhadores.

 

A luta pela reforma agrária e a desapropriação de terras é uma das principais bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Brasil. O MST, fundado em 1984, tem como objetivo garantir o acesso à terra para aqueles que dela precisam, especialmente para os trabalhadores sem-terra e pequenos agricultores. É neste contexto que obtivemos informações do agricultor Clone, que nos falou da luta deles por um pedaço de terra. Abordaremos a história de luta dos trabalhadores e trabalhadoras do hoje chamado Acampamento Quintino Lira. Quintino foi o líder dos agricultores que precisou usar armas para se defender e defender os seus na luta pela posse da terra; no dia 4 de janeiro fez 40 anos de seu assassinato.

 

Clone nos falou que o início da luta se deu no ano de 2007, com 22 famílias ocupando a terra. Em 30 de novembro houve o primeiro despejo, onde tudo foi destruído. Na época, o Louro do PT, então prefeito do município, cedeu uma escola no Perucal e, em seguida, foram levados para um terreno de sua propriedade. Passaram 90 dias até se organizarem novamente. Em 2010 tiveram o primeiro contato com o MST (Edson Martins, secretário de Administração no governo do PT; Rogério, que atuava na comunicação, foram os interlocutores da conversa). O MST acolheu os trabalhadores. Depois desse envolvimento com o MST, intensificou-se a repressão, sendo quatro vezes despejados.

 

Em abril de 2010, se organizaram, uniram forças e entraram novamente na terra; no mesmo dia foram despejados. Com o apoio do MST junto aos agricultores, acirrou-se os ânimos, pois o fazendeiro sabia que o MST estava mais organizado e sabia o que estava fazendo. Então, em setembro de 2010 houve uma emboscada vitimando a tiros o agricultor conhecido como “Caribé”.

 


Clone teve que se ausentar por dois anos de seus companheiros, passando a viver quase que clandestino para evitar ser a próxima vítima dos latifundiários. Em 2013 retornou para a área junto aos agricultores. Em 2014 aconteceu mais uma investida contra os acampados com tiroteios, porradas e humilhações, saindo muita gente machucada; mesmo assim continuaram resistindo. Com tanta violência foi necessária a vinda da comissão de direitos humanos, o deputado Bordalo do PT entre outras lideranças que estiveram presentes no local.

 

Se não bastasse a COVID-19 nos anos de 2019/20, onde ficaram trancados em seus terrenos, foram surpreendidos com mais violência; os agricultores foram banhados com veneno pelos aviões pulverizadores e em seguida os fazendeiros soltaram o gado em suas roças para pisotearem e comerem suas plantações e como acharam pouco utilizaram tratores para destruírem o que encontrassem pela frente. Segundo Clone, a justiça não moveu um dedo sequer para defendê-los ou apenas fazer justiça; ele diz que o INCRA deixou a desejar e muito.

 

Antes de se chamar Quintino Lira, o acampamento era conhecido pelo nome de Assentamento Novo Repartimento. Com a chegada do MST foi feito um estudo e se descobriu que o primeiro lutador a enfrentar os latifundiários na região se chamava Quintino Lira.

 

Quando o MST consegue desapropriar uma fazenda, isso geralmente ocorre após um longo processo de mobilização e resistência. O movimento organiza ocupações de terras improdutivas, chamando a atenção para a necessidade de reforma agrária e denunciando a concentração fundiária no país. Essas ocupações visam pressionar o governo a agir em favor da distribuição de terras.

 

Uma vez que uma fazenda é considerada improdutiva ou em desacordo com a função social da propriedade, o MST pode solicitar ao governo federal a desapropriação dessa terra. Se o pedido for aceito, o imóvel passa a ser destinado à reforma agrária, permitindo que famílias sem-terra possam se estabelecer e cultivar a terra.

 

Essas ações são frequentemente acompanhadas de desafios legais e confrontos com as forças de segurança, além da resistência por parte dos proprietários das terras. Contudo, a luta do MST tem gerado resultados significativos ao longo dos anos, contribuindo para a formação de assentamentos que promovem a agricultura familiar e garantem a soberania alimentar.

 

O processo é complexo e envolve questões sociais, políticas e econômicas, mas o MST continua firme em sua missão de lutar por justiça social e pelo direito à terra para todos. Essa trajetória é um exemplo da força do movimento social na busca por mudanças estruturais na sociedade brasileira.

 


Então, em junho de 2024 foi decretado o Assentamento Quintino Lira. Esta terra é uma gleba federal; o ITERPA emitiu um título falso de uma parte da área para o fazendeiro Josué Bengston no qual fez perder 4 mil hectares; agora perdeu mais 1.800 hectares pois o ITERPA tinha emitido outro documento falso. O ITERPA não poderia fornecer nenhum documento pois a gleba é federal; neste imbróglio o estado que se acerte com o fazendeiro em questão.

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